A última prisão do traficante Raimundo Alves de Souza, o Ravengar, entrou pra história como um dos momentos mais marcantes da polícia baiana. E nesta terça-feira (5), um detalhe curioso dos bastidores daquela operação veio à tona durante o Bargunça Podcast, apoiado pelo Bahia Notícias.
Ravengar foi o principal traficante de cocaína da Bahia nos anos 1990, e foi preso por três vezes. Na última, em 2017, tinha 65 anos quando foi encontrado pelo policial civil Vitor Calmon, que atua na Companhia Independente de Operações Especiais (COE).
“Eu cheguei, ele botou a cara na janela e entrou. Aí eu pensei: ‘pô, vai fugir’. Não tinha técnica ainda e falei: ‘vou pular o muro’. Eu e um colega. Pulei o portão, não tinha material nem nada, meti o pé na porta. Entrei e ele tava lá, sentadinho no sofá”, contou Vitor para Wagner Miau e Thiago Mithra. Foi então que Ravengar o surpreendeu por não reagir.
“Eu falei: ‘venha cá, rapaz. Você não pensou em fugir, não?’. E ele: ‘eu? Fugir pra quê? Pra vocês atirarem em mim de novo? Da última vez vocês atiraram em mim, perdi metade do meu rim. Não, meu amigo. Pode me prender!”, relembrou, rindo.
Vitor admitiu, contudo, que cometeu erros na operação. “A gente não sabia até que ponto ele ia reagir. Estava com uma submetralhadora. […] Hoje em dia a técnica não nos permite mais pular um muro desses. Podia ter um cachorro, podia ter alguém lá e atirar. A técnica não é essa. A gente sempre fala: Segurança em primeiro lugar. É melhor perder o cara e sair vivo, do que na pressa morrer, ou atingir um inocente”, reforçou, lembrando um ditado comum na sua equipe toda vez que saem pra uma operação: “Vamos voltar vivos e livres pra casa. Vivos porque a gente não pode morrer, e livres porque não pode matar um inocente”.
O Bargunça Podcast é patrocinado pelo Boteco do Caranguejo, o Espetto Baiano e a Paramana Gin.