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“A gente encoraja outras pessoas e cria uma consciência. Quando ninguém debate, vira um tabu, uma sombra, parece que o assunto não existe. É preciso coragem para falar. Ninguém é obrigado a vir a público. Pode ser doloroso demais. Mas quem tiver força, deve falar por para conscientizar”, começou o humorista.
Questionado se esse teria sido o motivo de ter revelado o trauma que viveu, Adnet disse que sim: “Mas também por um motivo pessoal, que é expurgar algo traumático. Botar para fora faz parte da superação. É quase um ponto final. “Aconteceu isso e posso falar sobre porque não me machuca nem me vitimiza”. É parte da minha história também. Tem uma coisa de indivíduo, de fazer as pazes com aquilo no sentido de “joga pro vento, passou, já era”. Se ficar só guardado dentro da gente, é pior.
“Fui abusado sexualmente duas vezes, aos 7 e aos 11 anos. Na primeira, nem sabia o que era sexo. O caseiro do lugar onde eu passava as férias começou a se aproximar de mim e pedir favores. Ele me chantageava dizendo que, se contasse algo a qualquer pessoa, meu cachorro morreria. Eu era muito ingênuo. Um dia, quando só estávamos eu e ele em casa, foi para cima de mim. Senti uma dor imensa, mas durou pouco porque meus parentes, que tinham ido ao mercado, voltaram para buscar a carteira. Mais tarde, o pesadelo se repetiu com um amigo mais velho da família. Ele não chegou a consumar o ato, como o caseiro, mas me beijou e passou a mão no meu corpo. Foram dois episódios difíceis”.
“Para se ter uma ideia, só depois da morte desse conhecido da casa, há cerca de dez anos, consegui contar à minha família. Hoje, já falo de maneira natural porque entendi, após anos de análise, que o constrangimento não é meu, e sim de quem me abusou. O que fica disso é o susto, o trauma, a desconfiança”, finalizou.
Marcelo Adnet foi abusado aos 7 anos, depois isso se repetiu quando ele já tinha 11 anos de idade.