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Oito pessoas identificadas como vítimas no processo relacionado ao “golpe do Pix”, envolvendo jornalistas em Salvador, prestaram depoimento durante a primeira sessão do julgamento, realizada nesta terça-feira (18). As testemunhas foram ouvidas no Fórum Criminal localizado no bairro de Sussuarana.A audiência começou de manhã e se estendeu até o início da noite. Todos os doze réus estavam presentes, incluindo os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. As vítimas ouvidas representam seis dos doze casos mencionados na denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA).Outras testemunhas serão ouvidas nas próximas sessões, sendo que os réus serão interrogados por último. O próximo encontro está agendado para o dia 13 de março.
Os doze denunciados respondem pelos crimes de associação criminosa, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. O processo segue em segredo de justiça.
Segundo a acusação do MP-BA, Marcelo Castro, ex-apresentador do programa “Balanço Geral”, da TV Record Bahia, realizava entrevistas ao vivo com pessoas em situação de vulnerabilidade social que solicitavam ajuda por meio de doações financeiras.
Durante a transmissão, os telespectadores eram orientados a realizar as doações utilizando uma chave PIX exibida na tela. Contudo, o número apresentado não pertencia à vítima nem à emissora de televisão, mas sim a um dos membros do esquema criminoso.
O MP-BA aponta que Marcelo Castro, que também atuava como apresentador, e Jamerson Oliveira, editor chefe do programa, eram os principais responsáveis pelo esquema.
A defesa dos jornalistas afirmou que confia na Justiça, ressaltando que ambos não cometeram os crimes descritos na denúncia.
Relembre o caso
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A suspeita de desvio foi revelada em março de 2023, após uma denúncia informal encaminhada à Record. A emissora deu início a uma investigação interna, identificou casos semelhantes, acionou a Polícia Civil e demitiu os profissionais envolvidos.
As investigações revelaram que não havia uma única chave de Pix utilizada em todos os crimes. O grupo alternava entre as contas de nove denunciados, às vezes utilizando mais de uma durante o mesmo episódio.
Castro e Jamerson negam as acusações. Em nota, a defesa dos jornalistas afirmou que a denúncia ainda não foi formalmente aceita pela Justiça.
“Por tais motivos, deveremos ter cautela nas informações que são passadas, até porque ‘as provas’ colhidas na fase inquisitorial não passaram por diversos princípios processuais e constitucionais penais e constitucionais. A defesa continua, veemente, arguindo a inocência dos seus assistidos, por ser de mais lídima justiça”.