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O delegado Antônio Carlos Magalhães Santos, titular da 28ª Delegacia Territorial em Nordeste de Amaralina, em Salvador, está enfrentando acusações de assédio sexual. Quatro investigadoras da unidade registraram uma denúncia formal relatando comentários de teor sexual, toques em seus corpos sem consentimento e convites inadequados para passeios de lancha.
No último sábado (28), ele foi exonerado do cargo de titular da 28ª DT, mas continua vinculado à corporação. Em entrevista exclusiva à reportagem do Grupo A TARDE, o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos negou as acusações e afirmou que será ouvido na corregedoria para apresentar sua versão dos fatos.
“Não existe nenhuma verdade nisso aí, e é claro que os altos vão provar isso com a minha oitiva e outras coisas que já estão sendo ouvidas na delegacia, dando a verdade dos fatos. Mas a motivação disso é essa: são policiais que queriam trabalhar no plantão da delegacia 24 por 72. Eu coloquei essas mulheres, que são recrutas, para trabalhar no SI. Como o SI da 28 é um SI perigoso, uma área conflagrada, eu acho assim: se você entrar na polícia, você tem que trabalhar no que você se propõe. Isso aí causou uma revolta, causou uma espécie de conluio entre elas”, disse o delegado.
“Inventaram uma série de inverdades aí, de que eu pegava no cabelo, que não sei o quê; coisas que, nos altos, vão ser completamente desmascaradas. Mas a versão já está na mão dos meus advogados, e a gente vai ser ouvido na corregedoria para apresentar a verdade”, completou.
Sobre sua exoneração do cargo de titular da 28ª Delegacia Territorial, localizada no Nordeste de Amaralina, ele explicou que foi uma sugestão da própria delegada-geral da Polícia Civil, Heloisa Brito, visando à lisura das investigações do caso.
“Na verdade, quando surgiu essa queixa por parte do Sindicato para a delegada geral, doutora Heloisa, ela é quem sugeriu que eu me afastasse do cargo, até para que houvesse uma investigação imparcial, entendeu? E eu aceitei, pois acho que é certo; não adiantaria elas estarem na delegacia, concomitantemente com a minha presença, não ia dar certo”, relatou.
E explicou que o caso seriam duas denúncias por assédio sexual e duas por assédio moral. “Foram quatro, e ficou nessa situação: duas policiais estão se queixando, digamos assim, de assédio sexual, que seriam essas coisas de eu pegar no cabelo, de eu ter pego no braço dela, e as outras duas seriam por assédio moral, porque eu não queria que elas trabalhassem no plantão”, contou.
Sindicato se posiciona
A vice-presidente do Sindpoc, Sindicato dos Policiais Civis da Bahia, Ana Carla Souza, também conversou com o Grupo A TARDE e explicou que as denúncias chegaram até o órgão por meio das visitas semanais às delegacias.
“A denúncia chegou ao sindicato através das nossas visitas à delegacia, que fazemos semanalmente. No último dia 19 de setembro, fomos fazer uma visita a essa delegacia para tratar de assuntos de interesse da categoria, como valorização salarial e a questão do combate ao assédio. Na saída, fomos abordadas pelas colegas vítimas que passaram por esse fato”, explicou.
“Em primeiro lugar, nós acolhemos as vítimas e as acompanhamos até o Departamento Médico por conta do abalo psicológico e emocional delas naquele momento, no dia 20. Depois, fomos até a Corregedoria, onde acompanhamos não só na parte física; nós também oferecemos apoio e acompanhamento jurídico. A partir daí, começamos a cobrar a posição da administração em relação ao suposto assediador”, acrescentou.
Em nota, a Polícia Civil informou que todas as medidas para investigar as denúncias de assédio sexual e moral contra o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos estão sendo tomadas pela Corregedoria da Instituição
As apurações iniciaram após relatos de quatro policiais civis, lotadas na 28a Delegacia Territorial (DT). As servidoras estão recebendo acompanhamento psicológico do Departamento Médico da Polícia Civil (Demep), enquanto o investigado foi exonerado do cargo de titular da unidade e nova oitiva será realizada.
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio de nota, confirmou a queixa e disse que “foi encaminhada às promotorias de controle externo da atividade policial para distribuição a uma das unidades com atribuição na matéria, que avaliará o caso para adoção das medidas cabíveis”.