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A presença da canção ‘Deus Cuida de Mim’, do pastor Kleber Lucas, no repertório do cantor Caetano Veloso surpreendeu alguns fãs que acompanharam o artista na turnê ‘Caetano & Bethânia’, mas para o baiano, nada é tão natural quanto a aproximação dele com a religião.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o artista afirmou que sempre respeitou a religião evangélica e não vê a inclusão da faixa no repertório como uma forma de se aproveitar da música gospel.
“Parece-me absurdo que, para alguém, tal fato não tenha importância. No meu caso, isso se mostra em forma de respeito a um fenômeno social de grande magnitude. Para outros pode ser algo que mereça oposição. Ou desprezo. […] Essa é a única canção que não recebe aplausos entusiasmados. E isso não me surpreende. Para a maioria do público que vai ver Bethânia comigo, o interesse pelo assunto “igrejas evangélicas” não é algo esperado nem desejado. Mas eu sei que pode criar conversas que não costumam se dar.”
O artista, que foi criado em uma casa católica e tem dois filhos evangélicos, Tom e Zeca, se descreve como um “ex-antirreligioso”.
“Acho que hoje sou um ex-antirreligioso. A expressão “católico de axé” aparece numa descrição dos brasileiros na música que abre meu mais recente álbum, chamado “Meu Coco”. Ela é seguida de “e neo-pentecostal”. Tenho profunda e respeitosa ligação com o candomblé. Meu pai era mulato, nascido em 1901. Hoje entendo que a experiência humana não pode ser pensada sem a dimensão religiosa. Gosto muito do pensador Roberto Mangabeira por ele nitidamente pensar a vida humana levando isso em conta.”
Caetano, que já colaborou com o pastor Kleber Lucas, diz não se sentir confortável em dar conselhos religiosos, disse que não acredita ter passado por uma grande transformação sobre sua visão com a fé cristã evangélica, mas sim, ter entendido a importância dela ao longo dos anos.
“Nunca me identifiquei com preconceitos religiosos ou antirreligiosos. […] Não sou um teólogo nem posso dizer que passei por uma mudança em relação ao cristianismo dito evangélico. Apenas fui vendo, pouco a pouco, o quanto ele se tornou presente no Brasil. Por isso canto o louvor de Kleber Lucas na turnê com Bethânia.”